maio 2012

Impressões digitais


Não costumo me coçar para dizer aos outros o que devem fazer, mas vez que outra escapa um conselho. Aqui vai um, certamente dos mais estranhos e talvez dos mais valiosos:

Tem gente que precisa enfiar um USB no corpo, conectar numa impressora e dar um jeito de imprimir alguma coisa. Não precisa ser legível, nem ser bonito, mas tem que ser.
Lembra quando você fez um lindo desenho no Paint, foi imprimir e saiu um desastre em escala de cinza?

Lembra quando você bateu boca com 30 coleguinhas para escolher uma camiseta de turma na 8a série e no fim te entregaram um pano colorido demais, com o apelido mais esdrúxulo que você recebeu na vida – e escrito errado – nele?
Lembra daquela menina do outro colégio linda pelo Orkut, até o seu amigo, vizinho dela, contar que todas as fotos são enganação?

Pode parecer, mas não estou dizendo que o virtual engana, isso ou você já sabe ou está ganhando dezenas de iPads por semana ao ser o milionésimo visitante de todos os sites.
Estou dizendo que no monitor tudo é mais dinâmico, colorido, instantâneo, mas vai imprimir pra ver. Quando bate o físico – só o que é físico bate – sempre é diferente. Não é pior. Você toca, enjoa ou vicia no cheiro da tinta, suja as mãos e até corta os dedos nas folhas. Não é melhor. Não é tão prático, rápido e instantâneo quanto o digital.

Mas é.

Sou bom em pegar as batatas fritas dela e colocar junto com as minhas na tampa da caixa do Big Mac. Sou bom em fazer fogueira em beira de praia com vento. Eu costumava ser bom em escrever textos que eram publicados num blog, até que eu parei de publicar, fui deixando em algum lugar do computador, imprimindo menos, perdendo ou nem completando a maioria.

Não deixa faltar papel nem tinta para amanhã. Distribua novas e primeiras impressões logo pela manhã. Certifique-se de que você está impregnado em alguma saudade, em alguma falta de fome, em alguma esperança, em algo que alguém cantou. De cordas de aço a cenas de crime, existem lugares mais interessantes do que touchscreen para impressões digitais.


Por Dardo Oliveira em http://contudo.wordpress.com