fevereiro 2012

A primeira Copa


— Senhor?

— Pois não?

— Adão na linha três.

— Pode passar.

— Alô?

— Oi, Adão.

— Oi, Deus. Tudo bem?




— Tudo e você?

— Mais ou menos. Será que o Senhor pode me tirar uma dúvida?

— Posso tentar. Diga.

— Prensada é da defesa?

— Prensada o quê?

— Prensada é da defesa?

— Adão, do que você está falando?

— Nós estávamos jogando futebol aqui embaixo e a bola saiu pela linha de fundo. Tem uns macacos aqui estão falando que agora é tiro de meta, porque bola prensada é da defesa.

— Adão…

— Eu acho que é escanteio. O Senhor não acha?

— Eu não sei. Eu não vi o lance.

— Mas independente disso, esse negócio de prensada é da defesa não é bobagem?

— Não sei, Adão. Creio que sim.

— Arrá! Vou falar isso para os macacos!

— Certo.

— Aliás… O que o Senhor acha de elaborar umas regras oficiais?

— Como assim?

— Escrever umas regras de verdade, porque os jogos aqui no Paraíso estão sempre terminando em briga. O Senhor poderia colocar as regras em uma ou duas tábuas, sei lá… Algum lugar onde todos pudessem ver. Assim não teríamos mais problemas como esse.

— Não, Adão. Eu já pensei nesse negócio de escrever em tábuas, mas estou guardando para outra coisa.

— Certo. Não precisa ser tábua. Mas, mesmo assim, umas regras viriam bem a calhar. Por exemplo, sobre o goleiro e fazer cera.

— Cera? As abelhas estão jogando também?

— Não, não é cera de abelha. Por exemplo, ontem nós jogamos contra um time de bichos-preguiça. Fizemos uma bobagem na defesa e tomamos um gol no começo do jogo. Dois minutos depois, eles atrasaram a bola para o goleiro e ele demorou trinta minutos para repor a bola em jogo. Ficou lá, deitado, agarrado na bola, sem fazer nada.

— Bem, Adão…

— Isso sem falar nos felinos! Semana passada nós jogamos contra eles e perdemos de oito a zero. Quem fez os gols foi o guepardo, jogando aberto na ponta, mas ele estava impedido em todos os lances. Ele é muito rápido, então entrava sempre sozinho na área.

— Mas vocês certamente podem se entender aí embaixo com isso.

— No caso dos bichos-preguiça, sim. Mas com os felinos, ninguém teve coragem de reclamar com o guepardo. Então ficou por isso mesmo. Por isso que umas regras oficiais ajudariam bastante. Poderíamos até fazer um campeonato.

— Campeonato?

— Sim. Todas as espécies jogando entre si. O que o Senhor acha? Iria promover a integração entre os animais. Fora que daria cada jogão…

— Hum… Até que é uma boa ideia. Mas seriam jogos demais.

— Não se dividirmos os animais em grupos. Cada grupo tem quatro times. E o vencedor de cada grupo enfrenta o vencedor de outro grupo. Quem perder é eliminado. Até sobrarem somente dois, que fazem o jogo final! E o Paraíso inteiro iria assistir a este jogo!

— Gostei. Gostei mesmo. Boa ideia. Estou orgulhoso de você, Adão.

— Obrigado.

— Então vamos fazer assim. Eu vou escrever as regras e elaborar um campeonato. Mas, Adão, você precisa me prometer uma coisa.

— Diga.

— Você vai ganhar essa Copa. Você e os macacos.

— Bom, vamos tentar…

— Não, Adão. Eu preciso que o seu time ganhe. Porque você é criado à Minha imagem e semelhança. Seria feio para mim se você perdesse.

— Bem, Senhor, temos outros times fortes aqui. Por exemplo, os elefantes, que entram com seis na defesa e ficam chutando bola para a torcida. É impossível fazer gol ali. Isso sem falar no jogo aéreo das girafas, é sempre um perigo.

— Não Me importa, Adão. É importante que você e seu time ganhe.

— Como eu disse, Senhor, faremos o possível. Mas, o Senhor sabe que futebol é uma caixinha de surpresas.

— Como?

— Futebol é uma caixinha de surpresas.

— De onde você tirou esta frase?

— Não sei. Acabei de inventar, acho.

— Bom, deixa para lá. Tenho uma ideia. Tem um anjo aqui que adora futebol. Ele está sempre vendo vocês jogarem daqui de cima, dando palpites sobre posicionamento, essas coisas. Que tal se eu pedir para ele descer até aí e treinar vocês?

— Putz! Seria ótimo!

— Então falarei com ele.

— Certo!


Felipão dando carrinho: um dos últimos praticantes do futebol A.C.


— Bem, recapitulando. Eu preciso falar com o anjo, escrever as regras e elaborar o campeonato. Algo mais?

— Arrumar uma bola também seria legal.

— Bola? Vocês não têm bolas aí?

— Não. Nós jogamos com cocos. Uma bola iria melhorar bastante as coisas aqui.

— Certo. Vou ver o que consigo. Até logo, Adão.

— Tchau!

Assim, duas semanas depois, começou a Primeira Copa do Mundo. Ou, ao menos, do Paraíso, que na verdade era o mundo inteiro naquela época.

E o time dos primatas começou bem. O anjo-técnico havia montado o time com um macaco-aranha no gol, dois gorilas na defesa e um babuíno de volante. Na frente, Adão jogava adiantado e de costas para o gol, fazendo o trabalho de pivô para os chipanzés que avançavam do meio de campo.

No primeiro jogo, ganharam por três a um de um combinado de antas e tamanduás. No segundo jogo, empataram sem gols com o time dos hipopótamos. A fase dos grupos foi fechada com uma goleada de sete a zero em cima de um time composto por focas e ariranhas, que estranharam o gramado seco e não conseguiram se entender em campo.
Campeões do grupo, os primatas foram para as oitavas de final como grandes favoritos. Especialmente porque o adversário (um combinação de lhamas e carneiros) não impunha muito respeito.

Mas a tragédia foi total: mal posicionado, o time dos primatas não fazia a bola chegar ao ataque. E tudo piorou quando o anjo-técnico tirou Adão do time e colocou um mico-leão de centroavante. Perdido entre as lhamas, o pequeno animal nada conseguiu fazer. Perderam de um a zero. Eliminação precoce.

No dia seguinte, começaram os rumores. Descobriu-se que o técnico era amigo do agente do mico, e o colocara em campo apenas para que ele tivesse visibilidade e fosse vendido para outro time. Todos passaram a suspeitar de que o treinador tinha interesses financeiros na transação e o clima ficou pesado.

Sem alternativas, Deus chamou o anjo para uma conversa.

Pouco menos de uma hora depois, o treinador foi demitido do cargo e, de quebra, também perdera o posto de anjo.

E assim Lúcifer se tornou o primeiro técnico caído da história.


Texto: Rob Gordon em PapoDeHomem.com.br

O problema chamado carnaval


Odiar é uma palavra muito forte, eu sei, mas eu odeio o carnaval. Não o carnaval propriamente dito, pois o feriado e seus verdadeiros valores são legais; mas no que ele se tornou.

O carnaval de hoje em dia é um mix de hipocrisia, mulheres peladas, bêbados e multidão (não que eu não goste de mulheres peladas, mas a qualidade diminui muito nessa época). Muitos amigos dizem que eu ainda preciso ser apresentado ao verdeiro carnaval. O carnaval dos blocos de rua, das troças, dos verdadeiros foliões… Mas não tem jeito. Só de falar, já fico com vontade de me esconder. Sem contar que é uma época muito preconceituosa, pois se você não curte, vai ter ficar em casa mofando e vendo TV. Por isso procuro sempre ter idéias alternativas pra curtir meu feriado, sem ser um folião. Mas não existem idéias alternativas. Tudo está ligado ao carnaval. Shopping, cinema, bares, restaurantes… a maioria não fica à disposição. E quando ficam, eu não vou sozinho, né? Não sou tão Forever Alone assim.

O carnaval é a pior época do ano para quem odeia o carnaval. É a época que você leva mais sobradas. Você liga para um certo alguém, na esperança de conseguir companhia para seus programas alternativos, e ouve algo do tipo "Vou pra folia com a galera. Não vai não?". É o pior tipo de fora que existe: verdadeiro e sem direito de resposta. E acabo voltando a procurar, em vão, idéias longe do carnaval.

Tem uma coisa interessante no Carnaval que se chama "Pessoas". Elas parecem que perdem a memória durante essa época desgraçada. Como assim, Miguel? Vou explicar, começando pelas mulheres.

Durante o carnaval, a mulher parece que perde toda a integridade que levou anos para construir. Sabe aquele argumento de que 'Mulher não é brinquedo, pra você usar e jogar fora'? Parece que nada disso faz sentido durante o carnaval. Elas viram brinquedo dos homens, saem às ruas com roupas minúsculas e pegando geral. Conheço mulheres que não começam a namorar porque o carnaval tá chegando. Tem aquelas que entram na academia dois meses antes, só pra ficarem gostosas para o carnaval. Onde já se viu uma coisa dessas? Agora antes e depois, vai tentar dar um abraço nelas pra você ver. É uma frescura sem tamanho.

Tem também as pessoas que acham que você não gosta do carnaval porque é chato.
Sou de Recife/PE e os locais mais frequentados durante o carnaval são Olinda e Recife Antigo. De manhã, as pessoas sobem e descem as ladeiras de Olinda. De noite, vão assistir os showzinhos no Recife Antigo. Só que eu não gosto de nenhuma das opções. Não suporto Olinda nessa época e não sinto a menor vontade de assistir aos shows no Recife Antigo. Aí vários amigos chegam pra mim e perguntam "E aí, Miguel, não vai nem pro Antigo? Lá é mais calminho". Qual o problema de ser mais calminho? Eu não deixo de sair devido a falta de tranquilidade nos locais. Eu não vou porque realmente não gosto. O carnaval poderia rolar num mosteiro, no maior silêncio e tranquilidade do mundo, que eu não iria do mesmo jeito.

Eu poderia ter viajado pra longe da folia, mas esse ano meus planos não deram muito certo. O jeito então é continuar aqui, descansando e esperando épocas melhores. Não sou de desistir fácil, mas dessa vez eu tenho que assumir:

- Miguel, você perdeu, Playboy.

Playboy? Hum… Acho que acabo de ter uma idéia. Hehe...


Por Miguel Solano em Abrindo a Mochila

Bocejo eterno


O bocejo é uma ação involuntária, na qual abrimos a boca e respiramos fundo. Pesquisas recentes afirmam que este mecanismo ocorre em fetos de 11 semanas de vida. Até certos animais, como cachorros, gatos e peixes, por exemplo, também bocejam.

Quando uma pessoa boceja, abre bem a sua boca, permitindo a inalação de uma grande quantidade de ar. Ao realizar a inspiração, o pulmão se expande, os músculos abdominais são flexionados e o diafragma é contraído. O bocejo também provoca o aumento do ritmo do batimento cardíaco, elevando-o em até 30%. Até hoje, não se sabe exatamente o que provoca o bocejo.

Na próxima vez em que estiver em uma reunião, tente fazer esta experiência: dê um belo bocejo, cubra sua boca só por educação e veja quantas pessoas bocejam também. Há uma boa chance de que você vá disparar uma reação em cadeia.

A verdade nua e crua é que, embora os seres humanos provavelmente bocejem desde que foram criados, ainda não temos a mínima idéia do motivo. Talvez sirva sim para algum propósito saudável, pois é verdade que nos faz obter mais ar e nossos corações batem mais rápido do que o normal, mas os exercícios fazem a mesma coisa.

Fonte: Brasil Escola / HowStuffWorks


Agora que você já sabe um pouco mais sobre o bocejo, vamos a minha grande e idiota teoria... Como você pode notar, o bocejo é uma ação involuntária e que ao ver uma pessoa bocejando ou até falando de tal ação faz com que você repita o mesmo que o outro. Tenho certeza que se você chegou até essa parte do texto, deve ter bocejado algumas vezes...

Minha teoria consiste no seguinte: Você está conversando com outra pessoa e ela boceja casualmente. Enquanto você se pergunta se ela está entendiada com a conversa, percebe que também está bocejando. Isso continua sem parar, passando de uma pessoa para a outra, em um efeito dominó.

Como podemos ler no texto acima, os pulmões enchem de ar e o coração bate mais depressa então eu afirmo que: o bocejo pode matar. Porque, pense comigo, se você boceja, seu amigo boceja fazendo você bocejar em seguida e isso continua no que podemos chamar de ciclo vicioso. Das duas uma, ou você morre com um ataque cardíaco ou com uma explosão nos pulmões cheios de ar...


Viu como é fácil? Agora é só praticar. Com um pouco de sorte, você desenvolve a habilidade de não bocejar ao ver uma pessoa bocejando, ou vendo as fotos nesse post.

A ciência ainda está investigando exatamente o que faz você bocejar, mas esse é um fato bem conhecido e pouco estudado: o bocejo é contagioso e, o mais importante, pode te matar. Espalhe para os amigos e cuide-se. Bocejo mata.

Rodrigo Santos